quinta-feira, abril 11

The end

 



Aprende desgostos.

Fio de tempo em verbo de escorrer.

Desconhece-o na luz tardia do dia anterior. Numa dormência trespassada a gelo trincado. Lábios roxos de vidro que rasgam r…e…t…i...c…ê…n…c…i…a…s…

E na desconstrução da promessa, todas as avenidas são dela.

terça-feira, março 19

Blood On The Rooftops


 

Atirou-se ao primeiro amor emergente e brilhante, num tom de cinza

previsível,

que a libertou, com palavras a transbordar.


Olhares des[a]botados


exilando-a daquele deserto, refúgio onde por vezes se vive, em terra firme

com abundância de água salgada  De tantas lágrimas.


quarta-feira, fevereiro 21

Fade Into You


 

Quedou-se de mãos estendidas, numa espera para que ele a tocasse. Levemente, incitando-a a sentir a ausência.

Ardente, o toque. Talvez tenha experimentado um leve tremor, arrepio de suposição. 

Refém de emoções, empurra o vento invisível de palavras cegas.

Silêncio que ensurdece.

E arrisca o voo.


terça-feira, janeiro 30

Sanctuary

 


 


Na quietude da cela, a noite revela um perfume estéril de agonia.

Sob o luar intenso,  sonhos vagueiam aprisionados na geometria de uma ilusão asséptica que persiste. E assim, na solidão das horas mortas, a vida é melodia incerta, entre as pétalas caídas. Desfolhadas e oferecidas com um esgar de dor. Rasgada.

Flores murchas que sussurram segredos de_ Verão. De nostalgia dos dias luminosos, inclinados sobre os cabelos dourados.


sexta-feira, janeiro 26

Lose Control


 

O encerramento de um tempo comedido.

Num esforço não planeado, a dor de ossos estilhaçados entre paredes florescentes por detrás de portas abertas ao acaso, a preservação da luz cinematográfica, do prazer amargo, indo além da ficção.

Então, um grão de ouro punk e feminino, a viajar pela arte ao som que a cidade transmite.

Acorda, acordes de agulhas injectadas em simultâneo, vibrações que se insinuam complacentes.

A anestesia não surte efeito. Levanta-se, agradece e deambula pelos corredores sem encontrar a saída.

 

sábado, dezembro 30

Special




Persigo o sonho por entre o arvoredo que se intensifica, a cada hesitação minha.

Sempre que o enfrento, selvagem e desafiante,  ele vem beijar-me as mãos e o rosto com cicatrizes, deixadas pelos ramos do meu realismo. Acaricio-lhe o lombo, a cabeça. Depois evapora-se.

Fico então aprisionada neste enigma cada vez mais complexo,  que vou codificando à medida que lhe nego o nome, surdamente e recuando sempre que o vislumbro ao longe.


segunda-feira, dezembro 4

Sanctuary


 

És-me letras desalinhadas em mãos trémulas, que por vezes prosseguem caminhos de amor. E escrevo.

Leio-te também. Ainda noutro dia, abri o livro e vi. Páginas de luxúria desenhada. Ansiada. Nesta surdez que passa. Em branco.

Imagino que não deixas escorrer as noites, filtradas de madrugada.

Poderia então conjugar-te verbo, enquanto me decifras.

Houve mesmo um dia em que o nosso olhar se apaixonou.


Se estivesses aqui agora, beijava-te.